sábado, 31 de março de 2012

Sótão


            
OS DEGRAUS
Não desças os degraus do sonho
Para não despertar os monstros.
Não suba aos sótãos - onde
Os deuses, por trás das suas máscaras,
Ocultam o próprio enigma.
Não desças, não subas, fica.
O mistério está é na tua vida!
E é um sonho louco este nosso mundo...
Mário Quintana

quisera descer os degraus
nem monstros falam comigo,
despertos, pelo menos ficam mais perto...

enquanto isso rememoro antigos saraus
ouço minha própria voz
em poemas poucos
(soluço atroz ?)
onde ao menos máscaras caem e ouço
cada caco de Deuses se desprendendo

ficar é tudo o que me limita
e aprendo:
desligo o que grita
o que agita
aquele que me fita
e me deixa aflita

o sótão é longe
mas subo
subo para adormecer
este mês de agosto

(embora seja janeiro)

klara rakal
23 01 2012

*imagem pesquisada no google*

sábado, 24 de março de 2012

É, Vera...

É, Vera,
quem dera
que a vida fosse
eterna primavera...

Mas... Outoneceu!
e nem sempre nos damos conta
de como aconteceu...
nem quando,
nem por quê...

A vida é assim:
apronta,
nos desaponta...

Quisera sentir-me pronta
para a vida...

(Mas, considera:

pode-se, ainda,
fazer-se de tonta...

pode-se não pagar a conta,

pode-se aceitar a afronta...)

O que, às vezes, me desespera
é fazer da vida uma
                                  mera
                                          quimera,

                                                       se o que não foi feito
                                                       é o que se fizera...

                                                                                                                         10/05/2005

sábado, 17 de março de 2012

Resposta

Estava assim naquela época...
Resposta
(para Euclydes Fernandes)

Pedes para meu coração abrir
Investigar, remexer, descobrir
O que cabe ou não,

O que nele posso guardar,
O que devo desprezar,
Quem sabe a solidão?

É tarefa difícil essa:
Tenho medo e pressa...

Achava coubesse tudo:
A lua o irmão o cacto
a casa o bruto o pacto

Mas, se o que sinto
Não cabe, mesmo, no coração,
Como não te dar razão?

A tua a mão o fato
a asa o luto o ato...

30/03/2005
Karla Antunes

(A persistência é pálida:
Cálida tem sido a existência!)

      Poema escrito em início de 2005, época de muitas perdas e algumas retomadas. Foi realmente uma resposta ao meu provocador amigo e poeta sensível Euclydes, também professor, que atua comigo já há 8 anos no PEJA - Programa de Educação de Jovens e Adultos.

Dimensão

Abre teu coração...
Vê que nele não cabe tudo,
Todas as emoções da existência.

Vê, com nítida calma,
E cálida persistência
O que te cabe na alma.

Vê se podes guardar
Todas as marés, gaivotas, palmeiras e ventanias...

Mas, abre teu coração com cuidado
Pois ele és tu ferido
Ele és tu atado,
Ele és tu despido,
Ele és tu alado...

Depois de dimensionar
O que cabe em teu coração
Aprendas de novo a amar
sem rancor,
sem angústia,
sem solidão...

(Euclydes Fernandes)

- imagens capturadas no google -