domingo, 17 de novembro de 2013

Professores-poetas

          Todos sabem que este é o blog no qual publico meus poemas. Mas abro, raramente, algumas exceções, para textos de amigos. Pois bem: este ano participei do concurso Poesia na Escola e, tal como no ano passado, meu poema não foi selecionado. Porém, 3 dos meus amigos professores-poetas foram selecionados. E como eles me representam, nem fiquei (muito) triste! A alegria de ver meus amigos premiados me bastou! Assim sendo, e conforme vão permitindo, publico aqui seus poemas.

          Começando por:

           AOS MEUS ALUNOS, de Juçara Alves Guimarães de Souza

             Palmas pra nós, foi linda a nossa luta!
"Largo do Machado, assembleia lotada, arrepiante, café com pão de queijo e caminhada até o Palácio da Cidade.  Foi o meu primeiro dia na greve, e tive a maior força de vcs... Vontade louca de fazer xixi, metrô Botafogo. E tínhamos combinado de não sair em passeata, lembra? Ficaríamos de longe... "

          Depois Juçara segredou-me que o poema, na verdade, era um desabafo em face ao momento pelo qual passávamos. Confiram:

Aos meus alunos
                  (Agradecimentos a Vinicius)

De tudo aos meus alunos fui atenta

E com tal zelo e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior desencanto
Deles nunca se afastou meu pensamento

Quero inspirá-los a todos os momentos

E em seu favor hei de espalhar a palavra
Dar-lhes amor e os bons exemplos
Oferecer-lhes apoio, poupar-lhes sofrimento

E assim, quando mais tarde chegue

A aposentadoria, direito de quem trabalha
Ou o cansaço, fim de quem ensina

Eu possa me dizer dos alunos que tive

Que não sejam perfeitos, posto que são humanos
Mas que sejam felizes enquanto vivam!

Juçara Alves Guimarães de Souza


           *                      *                       *  



   NOSSO LAR, de Vera Lúcia Bulhões Góes Bastos.


Nosso lar.

Mesa  farta, deixa-me grata.

Sensação de acalanto, abrigo, calor morno,
Alma leve transpondo o infinito,
Com a presença divina
de uma existência assistida.

Arrumo a mesa numa alegria contida,

verifico detalhes imperceptíveis:
toques de carinho, cheiros de amor,
a quentura do afago e a leveza do som
Inundam o ambiente  acolhedor.

Olho cautelosamente:  talheres de prata,

louças de porcelana, toalha rendada,
Pães crocantes, queijos, bolos,
Geleias das mais variadas.
O cheiro inebriante do café nos convida...

Mesa farta me lembra laços,

solidariedade na hora do aperto,
aconchego, amizade,
Vem, puxe a cadeira,
Sente-se à mesa.

Aqui você é meu convidado,

E  muito me traz alegria.
Sua presença uma oportunidade.
Aceita  um pouco de amor
Regado a algumas delícias?

Meu coração agradece.

Melhor que receber é ofertar.
Hoje na minha casa,
Você é meu irmão
E  minha mesa, o altar.


          A mesa posta com o carinho de quem, na verdade, oferece o coração posto: Vera Lúcia Bulhões Góes Bastos.

           *                           *                           *



          AMADURECER, de Euclydes Fernandes dos Santos Neto


          Esse meu amigo Euclydes... Preciso cuidar dele um pouco. Ele nem sabia mais qual era o poema selecionado no concurso. É um menino despreocupado... Já ralhei, ensinei, fiz um blog para ele, alertei... Ele pensa que seus poemas, depois de escritos, não são mais seus, e sim do mundo... É um poeta mesmo, um querido poeta!


Amadurecer

Os doces toques do amor

Possuem cordas além do desejo
E quadros além das paredes.
São feitos de malhas, 
Mas não de redes.
São águas de brancas talhas
Para saciar 
Todo tipo de sede...

Mas o dedo

Precisa ser londo o suficiente
Para a alma poder tocar,
E ter o objetivo consistente
De conhecer a sensatez
Sem perder o dom de sonhar...

Não é preciso viver no muito

E nem no pouco...
Basta-se viver na plenitude,
Com a mente longe da inquietude
E o coração navegador.
Basta ser interprete da vida
E de si um bom conhecedor.

Euclydes Fernandes dos Santos Neto


     *                      *                          *

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Praia Linda



PRAIA LINDA

Fome

que não tem nome.

É grande a Lagoa: um mar sem fim...

E assim toda a angústia some,
O morno sol da manhã a consome
E a brisa chega de manso e avisa
que é chegada a hora...

Duas gaivotas se exibem

tão de perto
que posso sentir a vibração das minhas asas confundidas com as suas.

Satisfeito, flutua o Guerreiro

e embora ancorado, passeia de um lado
para o outro, enquanto a superfície antes lisa
da água ondula com a brisa.

Ele me olha, calado,

e ao invés do que o batismo sugere
mostra o bicolor convés
e molha lentamente seus pés.

Ao longe um peixe pula

Um pato mergulha
E a vida acaba ao mesmo tempo em que é alimentada.

Antonio me (ch)ama, grita: Karla!

(Meu coração se agita)
Vem pro café!

Mas, a Lagoa me alimenta.

É o meu desjejum.

Fome saciada.




Escrito em 1º - 06 - 2013, em Praia Linda - São Pedro d’Aldeia
(Às margens da Lagoa de Araruama, observando-a até onde os azuis me deixaram ver.)

Poema não selecionado no concurso da SME - 2013.
Lugar tão lindo que não me furto a divulgar mais algumas imagens clicadas por mim naquele feriado.