domingo, 14 de setembro de 2025

Tenorinho

Francisco Tenório Cerqueira Jr.

Minha pessoa no mundo, o poetta Douglas Fagundes Murta, me trouxe a história de Tenorinho como um dos temas para o nosso livro em dueto poético, Céu Peixe, publicado em 2022 pela VillarLuna Editora. A partir desse momento fui pesquisar a trajetória do músico, pianista de grande talento da Bossa Nova, e me senti tocada, principalmente pelo seu desaparecimento e o modo como se deu.

Agora chega a notícia, mais uma vez por intermédio do poetta, que o corpo de Tenório Jr foi finalmente identificado, após 50 anos. Para saber detalhes, deixo o link aqui para a leitura da notícia em canal oficial do Ministério das Relações Exteriores.

Abaixo, o poema Tenorinho, que escrevi na época muito sensibilizada, tal qual estou agora.

acordei bemol / tudo estava sustenido / sol fazia / só não fazia sentido 
(Paulo Leminski)

dedilhou a tecla abaixou meio tom 
tudo estava comprimido a dor o som

desceu para comprar cigarros argentinos

encontrou o tango o último rango o capote o porrete o mote a falta de sorte a morte

o cigarro que não tragou 
soltou a última espiral

mas a boca era outra
era a boca
da noite: caçadores de istas

comunistas, pianistas

a tua, agonizante 
traço exíguo de som cortante

espiralado alado 
ao lado a tecla a clave de sol

sem si bemol

KLARA RAKAL