domingo, 26 de julho de 2020

Céu peixe

Céu Peixe
para Douglas Fagundes Murta

Da minha janela vislumbro
só um pedacinho desse céu
vasto o olhar
se perde

- como no mar -

o empuxo me prende
cada estrela é um peixe
do meu muito poetar

céu peixe
quero muito me jogar
mas as grades me prendem
ou são redes de um grande puçá?

esqueço a janela
corro para o portão
onde há um pescador me estendendo a mão

(ele tem a chave-isca
das confidências poéticas)

KLARA RAKAL
26.07.2020

Agradecendo o poema homônimo a mim dedicado anteriormente pelo poeta e amigo querido DOUGLAS FAGUNDES MURTA e responsável por essa minha interação, deixo o link: https://www.worldartfriends.com/pt/club/poesia/c%C3%A9u-peixe-para-karla-antunes-klara-rakal, mas, para facilitar, já o reproduzo aqui:

Céu Peixe

Existe 
Um céu
Um céu peixe
Desses bem grandes
Não há pescador capaz

Um céu peixe em movimento
Cruza as estrelas de lembranças
Origens e portões

Um céu peixe
Livre
Absolutamente livre
Sereno
Delicado
Um céu peixe protege os poetas

DOUGLAS FAGUNDES MURTA
20/07/2020

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Sons da Manhã


SONS DA MANHÃ

Notas de vida entram pela janela da sala
Junto com os tímidos raios de sol
De uma manhã ainda incipiente.

Os chilreios e trinares que me acordam
Entoam uma nova canção, portuguesa,
Dos longes da minha infância
Aprendida na cozinha da minha mãe:
Onde esses pássaros a ouviram?

O barulho do motor do carro
Inconfundível depois da inundação
Me dá adeus e se vai
Levando consigo o marido 
Para mais uma jornada.

Folhas são varridas
E o risc risc risc recolhe também
Restos da minha solidão
Que teimam em cair diariamente.

Alguém ouve Benito Di Paula
Uma improvável canção
Para meu improvável sorriso
Nesta quarentena.

Vizinhas se cumprimentam
Conversam nas janelas lado a lado
Sem conseguirem se ver.
E compram o pão de cesta
Trazido pelo carreteiro:
Novos hábitos...

Disputo com a Leia
O lugar aquecido do sofá
Ela levanta as orelhas repentinamente
Capta movimentos inaudíveis para mim:
Outros sons de uma manhã
Que teima em acontecer
Sorrateira e normal.

KLARA RAKAL
18/06/2020


domingo, 23 de fevereiro de 2020

Ele faz um gesto com as mãos



Sarau Picareta Cultural

Um sarau bem democrático, na praça, que estava lotada.

Poetas declamavam e faziam performances maravilhosas, alguns até com fundo musical, outros deram verdadeiro show de atuação e poesia.

Eu fiquei bem tímida e relutante, talvez por isso acabei sendo a última a participar, fechando o sarau. Foi muito, muito legal!!

Dessa vez estava prevenida, de blusa quentinha e gorro...

Comigo lá estavam, além do maridão Antonio Carlos Henriques, os amigos Aloisio Villar e Luciana Tountougi. Depois encontramos a poeta Ana Cristina Rosito. Noite fria e boa, como poucas.

terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Um dedo de incentivo

Já realizei algumas coisas na minha vida e sou grata a Deus por isso. No âmbito pessoal, profissional e literário. Sonhos viraram projetos e estes, realidades... 

Assim foi com meu primeiro livro, RASTRO DE SALAMANDRA. Tomei coragem, reuni poemas que escrevi durante 20 anos - dos 14 aos 34 anos de idade, selecionei, mexi em alguns e tracei uma linha temática a partir do meu poema preferido: Inscrição para uma lareira, de Mário Quintana. E publiquei uma pequena tiragem, 100 exemplares, que vendi quase toda no lançamento, tantos amigos que tenho! 

Foram tantas etapas, um longo percurso, venci muitas dificuldades, tive dúvidas... tanto na vida quanto na feitura desse livro. 

Mas a emoção de ser alvo de uma crítica literária, e de um modo tão completo, sensível, profundo... e favorável... ah! Nunca tinha experimentado e posso dizer que foi... incrível!

Em seu blog UM DEDO DE PROSA E VERSO, o ator, poeta, professor, mestre em literatura Edvard Vasconcellos fez uma análise da minha pequena obra, proporcionando-me essa emoção inédita.

Como agradecer? 

Leiam a postagem clicando aqui e, se puderem, deixem um comentário lá... e outro aqui!! 

KLARA RAKAL

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

Poesicídio





Poema POESICÍDIO, declamado no Sarau do Corujão da Poesia, na Casa Gastromar, em 12.07.2019, durante a FLIP, em Paraty, RJ.

Fiquei até tarde na FLIPEI, a FLIP dos Escritores Independentes, do lado ESQUERDO do rio Perequê-açu quando começou a esfriar terrivelmente. 


Antonio foi até a pousada trocar de roupa enquanto eu assistia às mesas no barco pirata; não percebi nem sua ausência nem escurecer. 


Quando ele voltou, trouxe roupa para mim: um casaco (é o que estou vestindo no vídeo) e... a calça do meu pijama!!! Por isso estou no vídeo de short mesmo... 



POESICÍDIO


Ela se lançou da mais alta palavra

aspirou a letra mais tóxica
envenenou-se com a sílaba mais letal
queimou-se nas rimas mais incendiárias
e nos versos mais doentios se prostrou
enrolou-se nos trocadilhos mais ásperos
esfaqueou-se com as antíteses mais afiadas
mergulhou nas estrofes mais turbulentas
perdeu-se na polissemia mais torpe

seu corpo foi encontrado nas mais ermas metáforas


cometeu poesicídio.



KLARA RAKAL

LiteraLivre 19ª ed.

Mais um poema meu publicado na revista on line LiteraLivre: SAQUAREMA. A foto que acompanha o poema também é de minha autoria.

Para acessar, clique neste link:

Ou neste: 

Feliz porque considero que a poesia precisa voar por aí... 

Ficar registrada no livro é muito bom, um sentimento indescritível ter um poema publicado numa coletânea! Ou quando o livro é uma criação individual, dizemos que é um filho de papel, tamanho é o amor e orgulho que sentimos!

Mas há outras plataformas (preciso conhecê-las todas, vamos aos poucos) que propiciam voos maiores, mais altos, de onde se avistam um número maior ainda de leitores! Por isso publico neste blog (de todos os modos de publicar é o que mais gosto), na minha página de poesia no Facebook, no recanto das letras, ás vezes no instagram e nas revistas on line, como a ótima LiteraLivre!