O RIO
I
O rio corre, paciente e decidido.
Os caminhos são sempre os mesmos...
Muitos obstáculos...
Mas a vida não é um espetáculo,
respeitável público!
Por que tenho de vencê-los, todos?
Aprendo com o rio,
contorno as pedras, apenas.
Sigo em frente.
Quem me condena?
II
O rio não para; seu caminho
foi traçado.
Com passividade extrema, obedece.
Ninguém o condena.
Ele se fortalece.
Mas meu caminho é apenas
um traço
(quase apagado...)
Para obedecê-lo,
tenho de aprender a enxergar...
Muitos me condenam,
me mandam parar
Aperto os olhos para recomeçar...
III
O rio é que nem meu coração:
acelerado.
Bate desesperado
não ouve ninguém
não para nem
quando se sente cansado.
O rio é que nem meu coração
é uma canção eterna:
para o ausente, é um sussurro;
para o presente, é como um urro
De dor, de prazer?
Depende de como me vê...
IV
Aqui, sozinha,
sentada nessa pedra,
sentindo o frio
que me provoca a água desse rio,
meu coração não medra:
estremece, se arrepia,
mas não se arrepende
sequer de um dia!
Klara Rakal
23.04.2011
Rio Roncador
Sítio da Bebé
Sampaio Correia RJ
- imagens do acervo pessoal -