Todos sabem que este é o blog no qual publico meus poemas. Mas abro, raramente, algumas exceções, para textos de amigos. Pois bem: este ano participei do concurso Poesia na Escola e, tal como no ano passado, meu poema não foi selecionado. Porém, 3 dos meus amigos professores-poetas foram selecionados. E como eles me representam, nem fiquei (muito) triste! A alegria de ver meus amigos premiados me bastou! Assim sendo, e conforme vão permitindo, publico aqui seus poemas.
AOS MEUS ALUNOS, de Juçara Alves Guimarães de Souza
Palmas pra nós, foi linda a nossa luta!
"Largo do Machado, assembleia lotada, arrepiante, café com pão de queijo e caminhada até o Palácio da Cidade. Foi o meu primeiro dia na greve, e tive a maior força de vcs... Vontade louca de fazer xixi, metrô Botafogo. E tínhamos combinado de não sair em passeata, lembra? Ficaríamos de longe... "
Depois Juçara segredou-me que o poema, na verdade, era um desabafo em face ao momento pelo qual passávamos. Confiram:
Aos meus alunos
(Agradecimentos a Vinicius)
De tudo aos meus alunos fui atenta
E com tal zelo e sempre e tanto
Que mesmo em face do maior desencanto
Deles nunca se afastou meu pensamento
Quero inspirá-los a todos os momentos
E em seu favor hei de espalhar a palavra
Dar-lhes amor e os bons exemplos
Oferecer-lhes apoio, poupar-lhes sofrimento
E assim, quando mais tarde chegue
A aposentadoria, direito de quem trabalha
Ou o cansaço, fim de quem ensina
Eu possa me dizer dos alunos que tive
Que não sejam perfeitos, posto que são humanos
Mas que sejam felizes enquanto vivam!
Juçara Alves Guimarães de Souza
* * *
NOSSO LAR, de Vera Lúcia Bulhões Góes Bastos.
Nosso lar.
Mesa farta, deixa-me grata.
Sensação de acalanto, abrigo, calor morno,
Alma leve transpondo o infinito,
Com a presença divina
de uma existência assistida.
Arrumo a mesa numa alegria contida,
verifico detalhes imperceptíveis:
toques de carinho, cheiros de amor,
a quentura do afago e a leveza do som
Inundam o ambiente acolhedor.
Olho cautelosamente: talheres de prata,
louças de porcelana, toalha rendada,
Pães crocantes, queijos, bolos,
Geleias das mais variadas.
O cheiro inebriante do café nos convida...
Mesa farta me lembra laços,
solidariedade na hora do aperto,
aconchego, amizade,
Vem, puxe a cadeira,
Sente-se à mesa.
Aqui você é meu convidado,
E muito me traz alegria.
Sua presença uma oportunidade.
Aceita um pouco de amor
Regado a algumas delícias?
Meu coração agradece.
Melhor que receber é ofertar.
Hoje na minha casa,
Você é meu irmão
E minha mesa, o altar.
* * *
AMADURECER, de Euclydes Fernandes dos Santos Neto
Esse meu amigo Euclydes... Preciso cuidar dele um pouco. Ele nem sabia mais qual era o poema selecionado no concurso. É um menino despreocupado... Já ralhei, ensinei, fiz um blog para ele, alertei... Ele pensa que seus poemas, depois de escritos, não são mais seus, e sim do mundo... É um poeta mesmo, um querido poeta!
Amadurecer
Os doces toques do amor
Possuem cordas além do desejo
E quadros além das paredes.
São feitos de malhas,
Mas não de redes.
São águas de brancas talhas
Para saciar
Todo tipo de sede...
Mas o dedo
Precisa ser londo o suficiente
Para a alma poder tocar,
E ter o objetivo consistente
De conhecer a sensatez
Sem perder o dom de sonhar...
Não é preciso viver no muito
E nem no pouco...
Basta-se viver na plenitude,
Com a mente longe da inquietude
E o coração navegador.
Basta ser interprete da vida
E de si um bom conhecedor.
Euclydes Fernandes dos Santos Neto
* * *