sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Bruxas Modernas


 BRUXAS MODERNAS


Hoje em dia, ninguém mais acredita
em bruxa velha, feia e má.
Verruga no nariz? Já era!
Cabelo espetado, chapelão preto? Já era!
– Já era, já era, já era!!!
Agora, todas nós somos
bruxas modernas...

Pra começar, um trato no visual:
banho tomado, pele perfumada,
roupa fresquinha e bem cuidada,
penteado no cabelo, capricho especial
no rosado do rosto: batom, pó facial.
Afinal, uma boa bruxa
tem de estar de bom astral!

Na receita da poção moderna
não entra pó de múmia... Não entra!
                  perna de barata... Não entra!
                  asa de morcego... Não entra!
– Não entra, não entra, não entra!!!

A mágica começa
quando a imaginação trabalha:
Poção do amor – ponha cor de rosa
                             que tem muito valor.
Poção da paz – use a cristalina
                          água que o rio traz.
Poção da saúde – acrescente energia
                              e a todos ajude.
Poção da felicidade – derrame violetas
                                     por toda a cidade.

Toda gente, lá no fundo,
tem um bruxo bem bacana,
bem legal, profundo
e que ama todo o mundo...
Para o bruxo vir à tona,
é só soltar a imaginação,
sentir, se descobrir
e ouvir o coração:
                                  eu quero,
                                  eu posso,
                                  eu consigo!!!
- imagem pesquisada no google -

Esse poema foi criado em 1992, durante um curso de "controle da mente". Na época, eu estava muito desanimada por conta de mil currículos enviados e nenhuma vaga conseguida. Depois disso, coincidência ou não, passei no concurso e entrei para o Município, onde leciono desde então.
Postando esse poema porque ando me sentindo mais bruxa do que nunca... E como agora é época de Halloween, tudo a ver.

Poema premiado e publicado na coletânea POESIA NA ESCOLA - 2003, da Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro, categoria Profissionais da Educação.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

1968



1968
(para Ferreira Gullar e seus branquíssimos e longos cabelos)

você estava sendo preso quando nasci

ou

nasci quando você estava sendo preso

não importa a ênfase
hoje estou presa
alucinadamente presa à sua poesia!

(seus poemas são meus pães dormidos, meus mingaus, minha água na caneca. Sorvo,
como, cheiro, me lambuzo,

me satisfaço, deito em cima, durmo, acordo
com mais fome e sede de sabê-los)


Karla Soares Antunes
22-11-2010

Este poema foi entregue em mãos ao poeta na ABL em 2010. Que emoção! Ofereço a ele em sua homenagem pelo dia do poeta - 20 de outubro.



- imagem do poeta pesquisada no google -
- foto do arquivo pessoal -