![]() |
Francisco Tenório Cerqueira Jr. |
Minha pessoa no mundo, o poetta Douglas Fagundes Murta, me trouxe a história de Tenorinho como um dos temas para o nosso livro em dueto poético, Céu Peixe, publicado em 2022 pela VillarLuna Editora. A partir desse momento fui pesquisar a trajetória do músico, pianista de grande talento da Bossa Nova, e me senti tocada, principalmente pelo seu desaparecimento e o modo como se deu.
Agora chega a notícia, mais uma vez por intermédio do poetta, que o corpo de Tenório Jr foi finalmente identificado, após 50 anos. Para saber detalhes, deixo o link aqui para a leitura da notícia em canal oficial do Ministério das Relações Exteriores.
Abaixo, o poema Tenorinho, que escrevi na época muito sensibilizada, tal qual estou agora.
(Paulo Leminski)
dedilhou a tecla abaixou meio tom
tudo estava comprimido a dor o som
desceu para comprar cigarros argentinos
encontrou o tango o último rango o capote o porrete o mote a falta de sorte a morte
o cigarro que não tragou
soltou a última espiral
mas a boca era outra
era a boca
da noite: caçadores de istas
comunistas, pianistas
a tua, agonizante
traço exíguo de som cortante
espiralado alado
ao lado a tecla a clave de sol
sem si bemol