Mulher, negra, favelada.
Auxiliar de serviços gerais.
Mulher, negra, favelada.
Claudia Silva Ferreira, 38 anos.
Mulher, negra, favelada.
Baleada no morro do Congonha.
Mulher, negra, favelada.
Estava viva quando foi "socorrida" por PMs.
Mulher, negra, favelada.
Arrastada por uma viatura policial por 300 metros na Intendente Magalhães, Rio de Janeiro em março de 2014.
Mulher, negra, favelada.
— Era traficante — justificaram.
Mulher, negra, favelada.
Deixou 4 filhos e 4 sobrinhos que criava.
Policiais ainda não foram julgados,
continuaram na ativa
e um deles já foi promovido.
O tenente hoje é ca-pi-tão
(do mato).
KLARA RAKAL
30.01.2020
Claudia foi morta em 2014, informa o poema. Quando o escrevi, 6 anos após, minha alma ainda estava repleta pelo horror daquele acontecido. Desde aquela época, as personagens dos poucos contos que escrevi chamaram-se e os vindouros irão se chamar Claudia. Uma forma de não esquecê-la jamais, nem a brutalidade que sofreu e o sequestro de sua vida. Isso vai mudar o mundo? Não, não. Eu sei que não. Mas... Tantas Claudias de lá pra cá... E desde antes até ali... Fico indignada, preciso extrapolar os muros da minha sanidade.
Hoje, dez anos após a morte de Cláudia, os PMs foram absolvidos.
E o capitão do mato agora é superintendente.
(Março é um mês marcado por muitas lutas...)
Infelizmente continuamos a nos indignar. E as coisas permanecem do mesmo jeito. Quando mudarão?
ResponderExcluirComo a escravidão "abolida" ainda deixa marcas, Triste. Parabéns por não calar.
ResponderExcluirAté quando...
ResponderExcluirMuito triste saber que a impunidade é uma constante nesse país marcado pela desigualdade.
ResponderExcluirA Klara, independente de poeta de qualidade, é exemplo singular de humanidade, empatia e dedicação ao que se propõe. Milita por vieses que honram a arte e têm gosto declarado pela literatura, enquanto palco de denúncias e reflexões que nos atiram aos abismos, demandando reavaliações das nossas visões de mundo. Parabéns pela iniciativa e textos que nos tiram das zonas de conforto, em suma, escrita corajosa.
ResponderExcluirFora do senso comum
ExcluirNossa triste realidade! Até quando?
ResponderExcluirVisceral, triste e... real!
ResponderExcluirAté quando seremos esse tipo de sociedade?! Para sempre, penso. O ser humano deveria ser reinventado.
Muito, muito triste.
ResponderExcluirÉ triste saber que até hoje ainda é uma realidade.
ResponderExcluirAté quando? Quantas sendo estatísticas ou subnotificações....
A decisão do Juiz sobre isso é no mínimo, Indignante!!
ResponderExcluir🤬
Tocante. Preciso. Atual
ResponderExcluirPoesia também é grito! 🌹
ResponderExcluir"Justiça" ativando sentimento de indignação!
ResponderExcluirObrigada Karla por não se calar!
Anos e anos se passam e infelizmente a impunidade é gritante, continua...
ResponderExcluirPoemas também expressam a verdade e a indignação.
Até quando nossa justiça será falha?
Triste...
Mulher ...
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